fome além da janela descansa prateado o horizonte pleno em sonhos.

a fome consome as últimas árvores em êxtase silente. há muito as sirenes cessaram. furioso, o deserto oferece um brinde sem resposta aos olhares constrangidos dos convivas: o vento o leva além dos confins, além de nossa visão e o traz de volta:

esboça uma linha em torno de nossas sombras: ‘além não irão’.

respirar o ar acre e escaldante que arrasta pelos séculos é como mergulhar em memórias. à espreita da eminência, repousas cinzas sob os lençóis. os olhos brancos das estrelas perfuram o rosto da noite: por detrás de uma névoa de sangue sua contemplação despedaçada.