A Sexualidade nas Culturas Indígenas: Lições de Conexão com a Terra

A Sexualidade nas Culturas Indígenas: Lições de Conexão com a Terra

No vasto mosaico de culturas indígenas ao redor do mundo, a sexualidade é frequentemente vista como uma parte intrínseca e sagrada da vida, profundamente entrelaçada com a natureza e o ambiente ao redor. Ao explorarmos essas perspectivas, somos convidados a reconsiderar nossa própria relação com a sexualidade e a terra, aprendendo valiosas lições de harmonia, respeito e equilíbrio.

Para muitas culturas indígenas, a sexualidade não é apenas um aspecto da identidade individual, mas um reflexo do ciclo natural da vida. Assim como as estações mudam e a terra passa por ciclos de nascimento, crescimento, morte e renascimento, a sexualidade é vista como um processo natural que deve ser celebrado e respeitado. Em algumas tradições, rituais e cerimônias são realizados para honrar as transições sexuais e reprodutivas na vida de uma pessoa, reconhecendo seu papel no grande ciclo da vida.

Read more →

Tantra e natureza: eleve seus encontros sexuais a um novo patamar

Tantra e natureza: eleve seus encontros sexuais a um novo patamar

Em um mundo onde a velocidade e a superficialidade muitas vezes dominam nossas interações, encontrar maneiras de se conectar mais profundamente com os outros e com o ambiente ao nosso redor pode ser transformador. A prática do tantra, uma tradição antiga que une aspectos espirituais e físicos da sexualidade, oferece uma abordagem única para enriquecer nossos encontros sexuais, permitindo que eles se tornem experiências verdadeiramente significativas. Ao integrar elementos da natureza, podemos elevar esses momentos a um novo patamar, promovendo uma conexão mais profunda e autêntica.

Read more →

A dança dos instintos: o que podemos aprender sobre sexualidade com os animais

A dança dos instintos: o que podemos aprender sobre sexualidade com os animais

A natureza é um palco magnífico onde a dança dos instintos ocorre de maneira fascinante e, muitas vezes, surpreendente. Quando observamos o reino animal, encontramos uma diversidade impressionante de comportamentos sexuais que não só nos intrigam, mas também nos oferecem valiosos insights sobre nossa própria sexualidade. Neste post, vamos explorar algumas dessas lições que os animais nos ensinam sobre desejo, reprodução e conexão.

Read more →

O ciclo das estações e sua influência na sexualidade humana

O ciclo das estações e sua influência na sexualidade humana

A natureza opera em ciclos, e nós, como parte intrínseca dela, também somos influenciados por suas mudanças. As estações do ano, com suas transições e transformações, não apenas moldam o ambiente ao nosso redor, mas também impactam profundamente nossa energia vital e sexualidade. Vamos explorar como cada estação pode influenciar nosso desejo sexual e bem-estar geral.

Read more →

O papel da natureza na redefinição do sexo casual

O papel da natureza na redefinição do sexo casual

Nos últimos anos, a busca por uma conexão mais autêntica e significativa com o mundo ao nosso redor tem levado muitos de nós a redescobrir a natureza e seu impacto profundo em nossas vidas. Essa redescoberta não apenas nos ajuda a encontrar equilíbrio e paz interior, mas também pode transformar a maneira como percebemos e vivenciamos o sexo casual . Neste post, vamos explorar como a reconexão com a natureza pode ajudar a redefinir essas experiências, promovendo uma visão mais positiva e saudável.

Read more →

Consentimento na natureza: lições da vida selvagem sobre respeito e harmonia

Consentimento na natureza: lições da vida selvagem sobre respeito e harmonia

No vasto e intrincado teatro da natureza, onde cada ser desempenha um papel essencial, podemos encontrar lições profundas sobre consentimento e respeito mútuo. A vida selvagem, com sua complexidade e beleza, nos oferece exemplos valiosos de como as interações sexuais podem ser conduzidas com harmonia e equilíbrio. Ao observarmos esses comportamentos, somos convidados a refletir sobre nossas próprias práticas e entendimentos de consentimento nas relações humanas.

A dança do acasalamento no reino animal é, muitas vezes, um espetáculo de comunicação sutil e negociação cuidadosa. Em várias espécies, o consentimento é um elemento crucial para o sucesso reprodutivo. Tomemos, por exemplo, os pássaros-do-paraíso, cujos machos realizam elaboradas exibições de dança para atrair as fêmeas. Esse ritual não é apenas uma demonstração de beleza, mas também um processo de escolha onde a fêmea tem total autonomia para aceitar ou rejeitar o pretendente. Aqui, o consentimento é claro: sem a aprovação da fêmea, não há acasalamento.

Read more →

Conexão com a terra: práticas de Grounding para intensificar o prazer sexual

Conexão com a terra: práticas de Grounding para intensificar o prazer sexual

No mundo moderno, muitas vezes nos encontramos desconectados da natureza e, por consequência, de nós mesmos. Essa desconexão pode influenciar diversos aspectos de nossas vidas, incluindo nossa sexualidade. Felizmente, práticas de Grounding, ou aterramento, oferecem uma maneira poderosa de restabelecer essa conexão com a Terra, intensificando não apenas nossa saúde mental e física, mas também nosso prazer sexual.

Read more →

Rituais de conexão: incorporando elementos naturais em encontros casuais

Rituais de conexão: incorporando elementos naturais em encontros casuais

No mundo moderno, onde a correria do dia a dia muitas vezes nos desconecta de nós mesmos e dos outros, buscar maneiras de aprofundar nossas conexões pode ser incrivelmente gratificante. Uma forma poderosa de fazer isso é através da incorporação de elementos da natureza em nossos encontros casuais. A natureza tem uma maneira única de nos acalmar, inspirar e conectar, e trazer esses elementos para nossos momentos íntimos pode transformar a experiência em algo verdadeiramente especial. Aqui estão algumas dicas práticas para incorporar rituais inspirados na natureza em seus encontros casuais.

Read more →

Prazer sustentável: como sites de encontros podem promover relações saudáveis

Prazer sustentável: como sites de encontros podem promover relações saudáveis

Vivemos em uma era onde a tecnologia permeia quase todos os aspectos de nossas vidas, incluindo a maneira como nos conectamos com outras pessoas. Os sites de encontros , que antes eram vistos com ceticismo, agora são uma parte integral da vida social moderna. Mas será que eles podem ir além de meramente facilitar encontros casuais e realmente promover relações sexuais mais conscientes e sustentáveis? A resposta é sim, e aqui está o porquê.

Read more →

Desmistificando o sexo casual: uma perspectiva naturalista

Desmistificando o sexo casual: uma perspectiva naturalista

No vasto cenário das relações humanas, o sexo casual muitas vezes surge como um tema envolto em mitos e mal-entendidos. Para muitos, ele é visto como algo superficial, desprovido de profundidade ou conexão genuína. No entanto, se olharmos através de uma lente naturalista, podemos começar a ver o sexo casual sob uma nova luz — como uma expressão autêntica da nossa natureza humana.

Read more →

Meditação orgástica: encontrando o equilíbrio entre excitação e tranquilidade

Meditação orgástica: encontrando o equilíbrio entre excitação e tranquilidade

A natureza nos ensina sobre ciclos, equilíbrio e harmonia. Assim como as estações do ano se transformam, nossas energias internas também oscilam entre momentos de intensidade e calmaria. No universo da sexualidade, essa dança entre excitação e tranquilidade pode ser explorada através da prática da meditação orgástica. Hoje, convido você a mergulhar comigo nessa jornada de autodescoberta, onde o corpo se torna uma ponte entre o prazer e a paz interior.

Read more →

Entre o selvagem e o sagrado: explorando o prazer em cenários naturais

Entre o selvagem e o sagrado: explorando o prazer em cenários naturais

A natureza, em toda a sua vastidão e beleza indomável, tem sido uma musa eterna para poetas, artistas e amantes. Existe uma conexão primitiva e quase espiritual que sentimos quando nos encontramos cercados por paisagens naturais, longe do barulho e da correria da vida urbana. Neste espaço, onde o selvagem encontra o sagrado, podemos explorar não apenas a paz interior, mas também uma dimensão mais profunda de nossa sexualidade.

Read more →

Histórias de prazer: relatos pessoais de conexão sexual com a natureza

Histórias de prazer: relatos pessoais de conexão sexual com a natureza

A natureza sempre foi um cenário fértil para contos eróticos , onde o sussurrar das folhas e o canto dos pássaros se tornam a trilha sonora perfeita para momentos de intimidade e descoberta. Na vastidão do mundo natural, muitos encontram não apenas paz e tranquilidade, mas também uma conexão mais profunda com sua própria sexualidade. Hoje, vamos explorar histórias inspiradoras de pessoas que descobriram um elo entre seu desejo e o ambiente natural ao seu redor.

Read more →

Conexão orgânica: como a natureza inspira encontros casuais

Conexão orgânica: como a natureza inspira encontros casuais

Vivemos em um mundo onde a velocidade e a superficialidade muitas vezes dominam nossas interações. No entanto, a natureza oferece um refúgio, um lembrete constante de que a simplicidade e a espontaneidade podem enriquecer nossas vidas de maneiras profundas e significativas. Quando se trata de encontros casuais , essa conexão orgânica com o mundo natural pode ser a chave para experiências mais autênticas e satisfatórias.

Read more →

Nutrindo o corpo: alimentos naturais que aumentam o desejo sexual

Nutrindo o corpo: alimentos naturais que aumentam o desejo sexual

A conexão entre o que comemos e como nos sentimos é inegável. Nossa dieta pode influenciar não apenas nossa saúde física, mas também nosso bem-estar emocional e sexual. Em um mundo onde a natureza oferece uma abundância de recursos para melhorar nossa qualidade de vida, explorar alimentos naturais que podem aumentar o desejo sexual é uma jornada fascinante. Vamos descobrir como certos alimentos podem nutrir nosso corpo e despertar nossa libido de maneira saudável e saborosa.

Read more →

Desejos silvestres: a conexão entre a natureza e nossa sexualidade interior

Desejos silvestres: a conexão entre a natureza e nossa sexualidade interior

No mundo digital de hoje, onde conversas íntimas podem começar com um simples clique em um chat erótico , muitas vezes nos esquecemos de que a verdadeira essência da sexualidade está profundamente enraizada na natureza. Assim como as plantas buscam a luz do sol e os rios seguem seu curso natural, nossos desejos e impulsos são guiados por forças primordiais que muitas vezes ignoramos. Neste post, vamos explorar como a natureza pode nos ensinar a abraçar nossa sexualidade de maneira mais autêntica e conectada.

Read more →

A arte de respirar: como a respiração consciente pode transformar sua vida sexual

A arte de respirar: como a respiração consciente pode transformar sua vida sexual

Em um mundo onde estamos constantemente cercados por estímulos, encontrar um momento de verdadeira conexão entre corpo, mente e natureza pode parecer um desafio. No entanto, uma prática simples e milenar pode ser a chave para transformar sua vida sexual: a respiração consciente. Neste post, exploraremos como técnicas de respiração podem intensificar a conexão com o seu parceiro, consigo mesmo e com o ambiente natural ao seu redor.

Read more →

Sites de encontros pontes para conexões naturais e espontâneas

Sites de encontros pontes para conexões naturais e espontâneas

Vivemos em uma era onde a tecnologia permeia quase todos os aspectos de nossas vidas, incluindo a forma como nos conectamos uns com os outros. Os sites de encontros , muitas vezes vistos com ceticismo, podem ser reimaginados como ferramentas modernas que facilitam conexões naturais e espontâneas entre pessoas. Quando usados com intenção e consciência, eles podem servir como pontes para encontros significativos, respeitando sempre a importância do consentimento e da comunicação clara.

Read more →

O jardim do prazer: plantas afrodisíacas e seus benefícios

O jardim do prazer: plantas afrodisíacas e seus benefícios

A natureza sempre foi uma fonte inesgotável de mistérios e encantos, oferecendo-nos uma infinidade de recursos para nutrir o corpo e a alma. No coração dessa abundância, encontramos plantas que, ao longo dos séculos, têm sido reverenciadas por suas propriedades afrodisíacas. Estas plantas não apenas estimulam os sentidos, mas também nos conectam a uma dimensão mais profunda do prazer e da intimidade. Vamos explorar algumas dessas maravilhas botânicas e descobrir como incorporá-las em sua vida para enriquecer a experiência sexual.

Read more →

O papel do sol e da vitamina D na libido: uma conexão natural

O papel do sol e da vitamina D na libido: uma conexão natural

A natureza sempre foi uma fonte de inspiração e energia para a humanidade. Desde tempos imemoriais, buscamos no ambiente ao nosso redor respostas para questões que vão desde a saúde física até o bem-estar emocional e sexual. Um dos elementos naturais mais poderosos e acessíveis é o sol, cuja influência se estende muito além de iluminar nossos dias. Neste post, vamos explorar como a exposição ao sol e os níveis de vitamina D podem influenciar nossa energia sexual e libido.

Read more →

A dança dos instintos: sexo casual e a natureza humana

A dança dos instintos: sexo casual e a natureza humana

A sexualidade humana é um campo vasto e fascinante, repleto de nuances que refletem tanto nossa complexidade cultural quanto nossos instintos mais primordiais. Uma dessas expressões é o sexo casual , uma prática que, apesar de suas controvérsias, pode ser vista como uma manifestação dos instintos naturais que carregamos ao longo da evolução.

Read more →

A simbologia sexual nas flores: o que elas revelam sobre nossa intimidade

A simbologia sexual nas flores: o que elas revelam sobre nossa intimidade

As flores sempre foram um símbolo poderoso de beleza, fragilidade e renovação na natureza. No entanto, além de sua estética encantadora, elas carregam um significado mais profundo que se conecta diretamente à sexualidade humana. Desde tempos antigos, as flores têm sido usadas como metáforas para expressar desejos, paixões e a própria essência da intimidade. Neste post, vamos explorar como a simbologia sexual das flores pode revelar aspectos profundos de nossa própria sexualidade e como essa conexão pode ser celebrada em nossas vidas.

Read more →

A sabedoria dos animais: o que podemos aprender sobre sexualidade e relacionamentos casuais

A sabedoria dos animais: o que podemos aprender sobre sexualidade e relacionamentos casuais

A natureza é uma fonte inesgotável de sabedoria e inspiração, especialmente quando se trata de compreender aspectos mais instintivos da nossa existência, como a sexualidade. No reino animal, os comportamentos de acasalamento são tão diversos quanto fascinantes, oferecendo insights valiosos sobre nossos próprios desejos e relacionamentos casuais.

No mundo natural, o acasalamento não é apenas uma questão de reprodução, mas também de sobrevivência e adaptação. Espécies como os bonobos, por exemplo, utilizam o sexo não apenas para procriação, mas como uma forma de estabelecer vínculos sociais e resolver conflitos. Isso nos leva a refletir sobre como os encontros casuais podem servir a propósitos além do físico, promovendo conexões emocionais e sociais.

Read more →

A Peste de Camus o surto endêmico, também utópico

A Peste de Camus o surto endêmico, também utópico

Não raro é a ocasião que faz a obra. Desde a eclosão da pandemia, A Peste, obra do francês Albert Camus, também experimenta um surto viral: o livro físico esgotado na editora; o ebook com preço mais salgado; a versão em pdf rolando no zap. O motivo, para tanto, não é outro: a peste da cidade argelina de Orã é análoga, em vários dos seus efeitos, às transformações globais na esteira do COVID-19. De um lado, uma epidemia insubmissa aos remédios e velozmente letal. Do outro, o confinamento, a incerteza, a longa espera. O que não deve surpreender, afinal, como escreveu Beatriz Preciado em artigo recente no El pais: “vale a pena reler o capítulo sobre a gestão da peste na Europa de Vigiar e Punir para perceber que as políticas de gestão da Covid-19 não mudaram muito desde então”. Finalizada logo após o fim da Segunda Guerra, a obra foi escrita entre 1942-47, período em que o autor escrevia no jornal clandestino Combat! contra a ocupação alemã. Se Camus nunca escondeu que a peste era uma alegoria da Europa assaltada pelos nazistas, supõe-se outra camada de coincidência entre A Peste e o presente: além da pandemia, o novo tempo do mundo não corresponde ao inédito renascimento dos regimes autoritários? A cidade de Orã, portanto, é um laboratório em que Camus testa as reações possíveis perante o abismo – para falar como um existencialista, o absurdo – em já não encontramos as luzes irradiadas pelas certezas, até então vigentes, sobre o mundo. Em sua crítica ao livro, Roland Barthes diz que lhe falta “significação propriamente histórica”, sem a eficácia crítica da narrativa é posta em xeque. Não há dúvida de que, em termos ‘conjunturais’, A Peste é menos eloquente que a literatura pós-guerra de outros autores como Jean-Paul Sartre, Thomas Mann e William Faulkner. Não é menos certo, no entanto, que ao narrar o sofrimento humano com tamanha precisão, é a condição humana, em sua matéria tão inexorável quanto ambígua, fixada por Camus. Se Adorno dizia que não há poesia depois de Auschwitz, o que Camus está dizendo que tampouco haverá rendição. Vencemos uma vez e seríamos capazes de fazê-lo novamente. Decerto é uma boa hora para que retonermos ao livro. Os personagens de Camus – o médico Rieux, o viajante Tarrou, o jornalista Rambert, o servidor público Grand, o contrabandista Cottard – não são meramente movidos pela “boa vontade”, virtude moralista que Barthes apregoara ao livro. O raciocínios dos mesmos é antes tático que moral. Urgente e não clemente. Agem porque é necessário, embora não seja inevitável – até porque, de agora em diante, inevitável só a peste. Por mais que cristã, Orã não é contagiada pelo discurso do padre Paneloux, insistente de que a peste era uma penitência pelos costumes pouco cristãos dos moradores da cidade. Os moradores da cidade – em especial, os personagens caracterizados por Camus – dão-se conta, sem demora, que a religião não ajudava a reprimir a doença. Além da violação dos corpos e das famílias, a violência contra os personagens nasce da descoberta do absurdo dentro de si mesmo enquanto Deus se cala e se revela alguém distante. Não se trata nem de aceitar o flagelo como castigo, nem de perseverar no enfrentamento à espera da recompensa divina. “A questão não é saber qual é a recompensa ou o castigo que espera esse raciocínio. A questão é saber se dois e dois são ou não quatro”, afirma o narrador. É dessa matemática aritmética – e portanto dura e óbvia – que as ações dos personagens serão justificadas e, no mesmo ato, despidas de heroísmo através da escrita que lhes purga a pompa própria aos heróis e atores brilhantes. O caráter impiedoso da peste está bem expresso na temporalidade rarefeita da narrativa. A primeira metade do livro basicamente reproduz a progressiva e monótona conscientização dos moradores de Orã a respeito da peste. Camus instaura uma teia de pequenos episódios que se intercomunicam, sem que nenhum se sobreponha ao outro, mas ensaiem relações, à primeira vista, desinteressadas – até que discretamente, e por isso mesmo paradoxalmente, se transformam noutra coisa grande, espessa, a peste. Mesmo nos momentos da fuga de Lambart, há um anti-clímax endêmico, uma estratégia narrativa em que Camus formaliza as paragens, os obstáculos, as interrupções como o princípio do movimento da forma literária internalizada pela peste. Ao passo que a narrativa se move como placas tectônicas, os personagens de Camus ostentam uma subjetividade quase física, áspera, que não se guia por amor (“vou recusar, até a morte, amar esta criação em que as crianças são torturadas” afirma Rieux) ou por sabedoria (“não se pode, ao mesmo tempo, curar e saber”), Mas, sim, pela consciência brutal, frigida no calor e absurdez dos acontecimentos, de que viver eticamente significa estar estar à altura do próprio destino – 2+2=4. Mesmo que vários dos impasses subjetivos dos personagens de Camus sejam equivalentes aos de Jean-Paul Sartre, a vocação daquele em absorver a vida exterior, e não de exteriorizar a vida interior, torna seus derivados mais misteriosos, opacos e ainda assim pouco arbitrários – tudo isso diretamente atrelado ao estilo conciso (períodos curtos), sóbrio (poucos adjetivos), quase impessoal, mas ao mesmo tempo vulnerável, do relato de Camus. A sobriedade da linguagem de Camus, com efeito, não se presta a analisar clinicamente a realidade, pois o apuro e rigidez jamais subtraem o sentimento de fundo que assombra a letra do texto, a saber, de que o narrador escreve acossado pelo perigo, como alguém que não dorme e, mesmo quando isso acontece, não passa de uma noite de “sono sem sonhos”, como o mesmo afirma. O desassombro de Camus diante do narrado – isso que importa – é proporcional ao rigor em evitar que a boa vontade dos personagens seja celebrada em si mesma. Somente assim, o processo pelo qual reconstroem os vínculos sociais e políticos não é benevolente, como sugere a crítica de Barthes. Dito de outro modo: se Lambart desistiu da fuga para lutar ao lado das brigadas sanitaristas, foi porque o colapso das reações possíveis abriu o personagem para engajamentos até então impossíveis. Quem melhor exprimiu esse sentimento de desamparo que se revela diante de grandes tragédias foi Sartre, em texto escrito na mesma altura que A Peste, justamente sobre as vivências na Resistência Francesa: “a cada segundo vivíamos em sua plenitude o sentido desta pequena frase banal: ‘Todos os homens são mortais.’ E a escolha que cada um fazia de si mesmo era autêntica porque era feita na presença da morte, porque poderia sempre se expressar como ‘Melhor morrer do que…’.” Trazendo ao nosso caso, A Peste não expressa apenas a inadequação entre a força individual e o absurdo da situação, mas é premido pela urgência em resolvê-la, emendá-la, para a qual os personagens descobrem que não há outra solução senão a retradução do medo numa coragem afirmativa, pois só daí nasce a chance perante acontecimentos que excedem nossa capacidade de ação e fé. À vista disso, no interior da obra de Camus, fica mais fácil perceber porque A Peste representa a passagem da primeira fase, marcada pelo negação e o absurdo (O Estrangeiro e O Mito de Sísifo), para a segunda em que a revolta ganha corpo através da instauração de certa coragem afirmativa pelos personagens (A Peste e O Homem Revoltado). Nas palavras do autor, “se há evolução do Estrangeiro à Peste, ela se deu no sentido da solidariedade e da participação”. Parece também ser essa, afinal, a travessia que agora nos cabe.

Read more →

Atrás da Vidraça de Samarone Marinho – Poesia

Atrás da Vidraça de Samarone Marinho – Poesia

o lago

Narciso, no fundo do lago, confessou: – Venha, venha logo que o dinheiro é alma do negócio

futuri robots

sabe-se do devaneio sabe-se da desgraça alheia sabe-se, então, de tudo

o que nunca se espera é saber-se de nada quase-nada se vê durante uma viagem dispersa algo kamikaze insano infesta sonhos de crianças

já dizia Pinóquio: carros motocicletas aviões rodovias viadutos aeroportos ¿o que farão?

“apenas imaginar imaginar que as bolinhas de solidão morrerão asfixiadas matando outros mil” Gepetto, a espreita na janela, explica ao garoto

Read more →

Como transar na pandemia de covid 19 com segurança

Como transar na pandemia de covid 19 com segurança

Nos últimos anos a vida de críticos e curadores de cinema foi povoada por filmes de pandemia. Este fenômeno é resultado de uma reação inevitável ao contexto de crise sanitária global, o que nos leva a valorizar essa produção como uma importante tendência histórica. No entanto, a frustração é às vezes inevitável diante de uma fornada de filmes repetitivos e, muitas vezes, enfadonhos – poucos ainda suportam filmes-diários relatando os dias de reclusão com um ar de luto. Poetizar o dia a dia nunca esteve tão próximo do inferno.

Read more →

Contra o Fascismo

Contra o Fascismo

A sessão de “Jovens Infelizes” na abertura da Mostra de Tiradentes hoje tem um sentido especial: o sentido de denúncia ao fascismo crescente que já discutíamos neste trabalho. Filmávamos um futuro nefasto e este futuro chegou. Fascistas de verde e amarelo na rua unidos à polícia pedem um novo golpe. A violência física e verbal contra pessoas de esquerda se espalha. A imprensa que outrora apoiou o golpe civil-militar de 1964 novamente mostra sua cara. Sindicatos e organizações políticas são impunemente invadidos pela polícia e depredados por grupos de extrema direita. A judicialização da política chega ao seu nível mais grotesco, através de um judiciário partidarizado e notoriamente seletivo em suas investigações. O Estado policialesco que grampeia até mesmo a presidência da república e conversas particulares que nada provam, torna-se motor para o golpismo e a indignação seletiva.

Read more →

Santa Efigênia, Boca do Lixo, Cracolândia

Santa Efigênia, Boca do Lixo, Cracolândia

Todos os anos, principalmente em ano eleitoral, assistimos o mesmo espetáculo nos programas jornalísticos, depois repetidos exaustivamente nos horários políticos. Operações militares de vulto ocupam a cracolândia paulistana. Os viciados em pânico espalham-se pela cidade. Três ou quatro supostos traficantes são presos e alguns hotéis fechados. Renovam-se as promessas de revitalizar o espaço, a volta aos tempos áureos da região. Propositalmente confunde-se a história dos Campos Elíseos (este sim outrora nobre), com a do Bairro de Santa Efigênia, onde se localiza a Cracolândia, numa promessa mítica de volta à uma belle époque tão glamurosa quanto falsa.

Read more →

Dossiê Mães de Maio: Carreirismo acadêmico, ongueiro e estatal

Dossiê Mães de Maio: Carreirismo acadêmico, ongueiro e estatal

Nós do Movimento Independente Mães de Maio há muito tempo alertamos, e hoje reforçamos estar totalmente cansad@s da quantidade de oportunismo e carreirismo acadêmico com o qual somos obrigad@s a lidar dia após dia. Diversos gestores acadêmicos (ligados direta ou indiretamente a ONGs e ao Estado), professores, pesquisadores e até mesmo jovens estudantes – muitos que se auto-definem como “de esquerda”, mas que na verdade se aproximam dos movimentos única e exclusivamente pensando em SUAS pesquisas acadêmicas; em SEUS currículos que lattes mas não mordem; em SEUS eventos institucionais; e em SUAS carreiras individuais na academia ou em instituições ligadas direta ou indiretamente a órgãos do Estado.

Read more →

Meu Medo Do Pop

Meu Medo Do Pop

Deparei-me hoje com o texto/reflexão/provocação do Bruno Natal para o site “O Esquema” com o título de “Kiko Dinucci e o Medo do Pop“.

Como o próprio Bruno escreveu no começo do texto, ele nunca me entrevistou pra saber a minha posição a respeito, mas, mesmo assim, levantou diversas questões e conclusões. Senti-me com liberdade pra responder algumas dessas perguntas, já que no texto, meu nome é citado quase como uma espécie de símbolo da encruzilhada da minha geração em relação às massas.

Read more →

William Zeytounlian – Poesia

William Zeytounlian – Poesia

fome além da janela descansa prateado o horizonte pleno em sonhos.

a fome consome as últimas árvores em êxtase silente. há muito as sirenes cessaram. furioso, o deserto oferece um brinde sem resposta aos olhares constrangidos dos convivas: o vento o leva além dos confins, além de nossa visão e o traz de volta:

esboça uma linha em torno de nossas sombras: ‘além não irão’.

respirar o ar acre e escaldante que arrasta pelos séculos é como mergulhar em memórias. à espreita da eminência, repousas cinzas sob os lençóis. os olhos brancos das estrelas perfuram o rosto da noite: por detrás de uma névoa de sangue sua contemplação despedaçada.

Read more →