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o lago

Narciso, no fundo do lago, confessou: – Venha, venha logo que o dinheiro é alma do negócio

futuri robots

sabe-se do devaneio sabe-se da desgraça alheia sabe-se, então, de tudo

o que nunca se espera é saber-se de nada quase-nada se vê durante uma viagem dispersa algo kamikaze insano infesta sonhos de crianças

já dizia Pinóquio: carros motocicletas aviões rodovias viadutos aeroportos ¿o que farão?

“apenas imaginar imaginar que as bolinhas de solidão morrerão asfixiadas matando outros mil” Gepetto, a espreita na janela, explica ao garoto

sabe-se ainda e ainda mais satélites antenas observatórios no descanso da anafilática perfeição numa ilha deserta um sopro no vazio se sabe inumano

mas é em novembro que as flores ruborescem o sol acorda para por fim à tristeza de domingo e o relógio toc toc nos futuros robôs

alento que não chega

intervalo

o sapato sulca o silêncio atrás da vidraça: Máquinas fervem homens dizem adeus “resta-me apenas a ressaca do café da manhã” – disse

carta para toshiro mifune

toshiro tenho medo da guerra que transparece em vermelho nos meus olhos a insólita agonia do meu dedo mindinho alarma a voz o grito que não sai

ontem pela manhã presenciei algo terrível os setes samurais se foram ioda takeshi miumi takeda akira shoran masao enterrados a cinco palmos da terra como queria “oh nossa senhora dos desesperados velai a vela dos aflitos das dez horas” era o coro das gueixas ressuscitando mentiras

toshiro fique ciente a única saudade que tenho se não somente exclusivo é do violão de 12 cordas que acordava as crianças dos campos alagadiços

amanhã quando em tua porta acordares com esta carta não estarei mais entre os ronins perdidos que amputam a vida alheia malsã que congela queixos inocentes reunirei-me para tua infeliz sorte com capa espada e novelos aos sete samurais que com daniel matam leões a dentadas  

desconstruindo suíça

alfim da tarde o desejo se dissipa nos vales “não há sol para todos”

simplória evidência do 15.º andar (ou continuação de um filme imperfeito de guerra) para Samuel Marinho

que muro assombra o terraço do lado de fora

que muro desgasta o devaneio de vozes em guerra

de fato é berlim, o muro entremuros único a ruir