Manifesto do filme artesanal
[Manifesto escrito pelo coletivo experimental australiano UBU films em parceria com o cineasta Albie Thoms, publicado em inglês na revista Chaos em 1968. Traduzido do original por Eduardo Liron]
- Que ninguém mais diga que não conseguiu dinheiro o suficiente para fazer um filme — qualquer pedaço de película pode se transformar num filme artesanal sem custo nenhum.
- Que a fotografia não seja mais essencial ao cinema – os filmes artesanais são feitos sem uma câmera.
- Que as considerações literárias sobre o plot e a história não sejam mais essenciais ao cinema — os filmes artesanais são abstratos.
- Que nenhuma consideração seja dada à direção e à montagem — os filmes artesanais são criados espontaneamente.
- Que nenhuma mídia seja negada aos filmes artesanais — eles podem ser riscados, raspados, desenhados, entalhados, coloridos, tingidos, pintados, urinados, preto e branco ou coloridos, mordidos, mastigados, fritos, ralados, perfurados, rasgado, queimado, descascados, ensanguentados, com qualquer técnica imaginável.
- Que a música escrita ou performada seja rejeitada pelos realizadores de cinema artesanal – que uma música artesanal seja criada diretamente na película por qualquer técnica de raspagem, desenho, etc., imaginável.
- Que nenhuma ortodoxia do filme artesanal seja estabelecida – elas devem ser rejeitadas sozinhas ou em grupo, uma em seguida da outra, seguindo, voltando, lentamente, rapidamente, em todas as formas possíveis.
- que nenhum padrão de filme artesanal seja criado pela crítica – um filme riscado inadvertidamente por um projetor é igual a um filme explicitamente desenhado por um gênio.
- Que os filmes artesanais não sejam projetados em cinemas, mas como se fossem ambientes, que não sejam absorvidos intelectualmente, mas por todos os sentidos.
- Acima de tudo, que todos os filmes artesanais sejam abertos para todo mundo, pois os filmes artesanais devem ser uma arte popular.
AGRESTE, ou Agrupamento de Estudos Excêntricos, é um rincão virtual para intervenções e instalações de movimentos e pulsões marginais (Precarizadxs, Terroristas, Extrañxs, Messias, Negradas, etc.). No Blog da Zagaia, o periódico AGRESTE mantém uma coluna de traduções.
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